Entenda a relação entre o HPV e o câncer de colo do útero

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Clinica Salvata

5 de março de 2024

O HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é um vírus transmitido via genital ou oral-genital. É extremamente comum e qualquer pessoa sexualmente ativa poderá entrar em contato com o vírus ao longo da vida. Segundo o Instituto Butantan, estima-se que cerca de 9 a 10 milhões de pessoas estão infectadas pelo HPV no Brasil.

Ao depender do tipo do vírus, ele pode causar desde verrugas genitais até lesões, que, se não tratadas ou descobertas a tempo, podem evoluir para doenças mais  graves.

No blog de hoje, vamos falar mais sobre essa IST e explicar a sua relação com um dos cânceres que mais acometem as mulheres: o câncer de colo do útero. Vamos lá?!

 

Sobre o vírus HPV

Segundo um estudo, cerca de 80% da população sexualmente ativa deve ser infectada pelo vírus em algum momento de sua vida.

O HPV é altamente contagioso e pode ser transmitido por contato direto com a pele ou mucosas infectadas, principalmente através de relações sexuais, mas também pode ser transmitido pelo contato com objetos, toalhas e roupas infectadas, com o vírus vivo, em contato com a pele que possa ter algum machucado ou ferimento.

Na maioria dos casos, a infecção pelo HPV não apresenta sintomas. O vírus pode ficar latente de meses a anos, sem apresentar lesões clínicas (visíveis a olho nu) ou lesões subclínicas (não visíveis a olho nu). Em muitas vezes, o vírus pode regredir espontaneamente em um período de até 24 meses após a exposição.

As primeiras manifestações da infecção pelo HPV podem surgir entre 2 a 8 meses, mas, em alguns casos, pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção. 

Porém, a diminuição da imunidade pode facilitar a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de verrugas, aumentando o risco de desenvolver lesões pré-cancerosas e, eventualmente, o câncer. 

 

Os tipos de HPV

Existem mais de 150 tipos de HPV, sendo eles classificados de acordo com a área que atingem e os sintomas, podendo ser de baixo ou alto risco, com base em seu potencial cancerígeno.

  • HPV de baixo risco: esses tipos geralmente causam verrugas genitais inofensivas. Os mais comuns são os tipos 6 e 11; 
  • HPV de alto risco: esses tipos têm um maior potencial cancerígeno. Os tipos 16 e 18 são apontados como responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero, sendo, assim, os mais comuns. Além do câncer de colo do útero, o HPV de alto risco também pode causar outros tipos de câncer, como: na vulva, vagina, pênis, ânus, cólon, reto, boca e garganta.

 

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser feito através de exames médicos específicos, como:

  • Exame físico: durante um exame físico, o médico pode identificar verrugas genitais causadas pelo HPV de baixo risco;
  • Papanicolau: esse exame detecta a presença de células anormais no colo do útero que podem indicar uma infecção por HPV de alto risco ou a presença de lesões pré-cancerosas;
  • Captura híbrida para HPV: esse teste detecta a presença do DNA de tipos específicos do vírus de alto risco a partir de amostras de células coletadas do colo do útero. É altamente sensível e específico, pois identifica a presença do vírus mesmo em quantidades muito pequenas. 

 

Tratamento para o HPV

Não há um tratamento com comprovação científica de eficácia para a infecção pelo HPV quando não há lesão precursora ou verrugas. Nessa situação, é recomendado que a mulher faça o exame preventivo de 6 em 6 meses.

Contudo, alguns tratamentos podem ser realizados com o objetivo de amenizar os sintomas. No caso das lesões clínicas visíveis, existem dois tipos de tratamento:

  • uso de cremes tópicos aplicados na região pela própria paciente;
  • a retirada dessas lesões pelo profissional de saúde por método químico, físico ou cirúrgico.

 

O câncer

A principal causa do câncer do útero é a infecção persistente pelos tipos de alto risco do HPV: o 16 e o 18. O vírus pode fazer com que as células normais do revestimento do colo do útero se tornem anormais ou causem lesões pré-cancerosas, formando um tumor maligno. 

Os sintomas do câncer do colo do útero podem incluir:

  • sangramento vaginal anormal;
  • sangramento e dor após a relação sexual;
  • menstruação mais longa;
  • dores abdominais;
  • secreção vaginal anormal, acompanhada, ou não, de sangue.

Esse tipo de câncer tem desenvolvimento lento e segue estágios de evolução. Isso aumenta as chances de ser diagnosticado precocemente. A detecção precoce é fundamental para um tratamento eficaz e melhores resultados. 

Quando o câncer demora a ser detectado e tratado, podem ocorrer várias complicações graves, disseminando-se para outras partes do corpo, podendo invadir o útero, os ovários e a vagina, causando danos a órgãos adjacentes, como a bexiga e o reto.

O crescimento do tumor também pode comprometer a função dos órgãos afetados e, em estágios mais avançados, o câncer pode se espalhar para órgãos distantes do corpo, tornando o tratamento ainda mais desafiador e reduzindo significativamente as chances de sobrevivência. 

 

HPV: fatores de risco

Os principais fatores de risco para se contrair o HPV incluem:

  • atividade sexual com múltiplos parceiros ou sem preservativo;
  • início precoce da atividade sexual;
  • infecção múltipla pelo HPV;
  • sistema imunológico comprometido;
  • tabagismo;
  • infecção por clamídia e/ou HIV;
  • falta de vacinação contra o HPV.

 

Vacina HPV

É sempre recomendado o uso de preservativos para prevenir infecções sexualmente transmissíveis, mas, no caso do HPV, eles só protegem parcialmente do contágio, já que também pode ocorrer pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.

A melhor forma de prevenir a infecção do HPV é por meio da vacina. Existem vacinas que evitam a infecção pelos tipos mais frequentes de HPV. O Sistema Único de Saúde (SUS) distribui gratuitamente a vacina do tipo quadrivalente ( protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus) para:

  • vítimas de abuso sexual de 9 a 14 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto;
  • vítimas de abuso sexual de 15 a 45 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto;
  • meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de 2 doses;
  • mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos.

Vale ressaltar que a vacina só funciona para a prevenção, ou seja, se você já está infectado com HPV, ela não surtirá efeito. 


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