Setembro Amarelo: você não está sozinha
19 de fevereiro de 2022

Durante o mês de setembro entramos na campanha do Setembro Amarelo, que foi criada para jogar uma luz sobre a saúde mental das pessoas e discutir esse tema tão importante, mas que muitas vezes é deixado de lado.
Para começar essa discussão e trazer um foco sobre a saúde mental feminina, nós preparamos esse artigo. Continue a leitura e entenda que você não está sozinha, é possível sim pedir por ajuda.
A violência contra a mulher
Você já deve ter ouvido falar da palavra feminicídio, que dracreve um homicídio cometido contra mulheres que é motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero.
O crime é previsto pela lei 13.104/15 do Código Penal brasileiro, mais conhecida como Lei do Feminicídio, que incluiu como qualificador do crime de homicídio o feminicídio. Isso significa que durante um julgamento, o fato de um homicídio ter sido cometido por um dos motivos que citamos acima, isso se torna um agravante a mais para o acusado.
De acordo com publicação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre março de 2020, e dezembro de 2021, foram registrados no Brasil 2.451 feminicídios e 100.398 casos de estupro e estupro de vulnerável de vítimas do gênero feminino.
Esses dados revelam uma realidade triste e que afeta inúmeras mulheres brasileiras. O sentimento de insegurança, além dos traumas causados por tais violências afetam negativamente, causando transtornos psicológicos que duram uma vida inteira até.
Como pedir ajuda nesses casos?
Segundo a Lei Maria da Penha, há cinco tipos de violência praticada contra as mulheres: Violência física (coloca em risco a integridade ou saúde corporal da mulher); Violência psicológica (dano emocional e diminuição de autoestima, ou ainda controle de ações, comportamentos, crenças e decisões); Violência sexual (forçada a uma conduta sexual não desejada através de ameaça, coação ou uso da força); Violência Patrimonial (retenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos, bens, valores, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, etc.); Violência Moral (calúnia, difamação ou injúria).
Se você, ou alguma mulher que conhece, está passando por alguma dessas situações é possível denunciar pelos seguintes canais:
- Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou ligue180@mdh.gov.br: serviço gratuito e confidencial para fazer denúncias, está disponível para todos os lugares do Brasil, funcionando 24h por dia, todos os dias da semana. Além disso, é possível fazer reclamações sobre serviços da rede de atendimento à mulher, receber orientações sobre direitos e legislações vigentes.
- Disque 100 (Disque Direitos Humanos): serviço gratuito e confidencial que também funciona 24h por dia e em todo o Brasil. Atende a situações de violações que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, podendo ser utilizado por qualquer pessoa que seja vítima ou tenha conhecimento de uma situação.
- 190 (Polícia Militar): funciona 24 horas por dia e deve ser acionado em casos que requerem socorro imediato.
Saúde mental da mulher
É muito comum que as mulheres sejam vistas com multitarefas, acumulando a maior parte dos serviços do lar, além de desempenharem papéis importantes dentro de seu espaço de trabalho, nos quais também se espera que elas tomem a dianteira.
Esse acúmulo de funções contribui e muito para o aumento dos níveis de estresse e sensação de sobrecarga. Uma prova disso é a pesquisa conduzida em 2020 pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP que mostrou que, durante a pandemia da Covid-19, 40,5% das mulheres apresentaram sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse.
Além da sobrecarga do dia a dia, as mulheres ainda precisam lidar com violência doméstica e reprodutiva, desvantagem socioeconômica, educacional e em termos de oportunidades no mercado de trabalho, responsabilidade incessante pelo cuidado de outras pessoas, padrões irreais de estética, entre outros. E tudo ainda se agrava quando vemos o contexto das mulheres negras e periféricas, que precisam lidar também com preconceito e racismo.
Por tudo isso, vemos como a mulher ainda se encontra em uma posição muito vulnerável, sendo essencial conceder a ela uma rede de acolhimento em que possa buscar a atenção e cuidado necessários.
Como pedir ajuda?
Se vincular ao processo psicoterapêutico pode ser um desafio para pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas vezes elas são descredibilizadas ou acreditam que não é necessário buscar ajuda, que podem enfrentar aquilo sozinhas.
Por isso, primeiro é preciso compreender os sinais de alerta para essas situações e incentivar a busca pelo processo psicoterapêutico. Fique atenta caso você, ou alguma mulher que conhece, esteja apresentando sintomas como:
- Falta de concentração;
- Sono ruim (dificuldade em adormecer à noite, sensação de sono não reparador, fadiga diurna ou sonolência, etc);
- Sensação de exaustão;
- Mau humor e irritabilidade;
- Falhas de memórias;
- Ansiedade;
- Dependência de estimulantes;
- Mudanças nos hábitos alimentares.
Sinais como esses podem indicar uma fadiga da mente, por isso procure a ajuda de um profissional adequado. Existem até opções de atendimento gratuito como o Disque 188 ou o chat online do CVV e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que possui diversos postos de atendimento. O importante é cuidar da sua saúde mental e não deixar para depois.
Este artigo te ajudou? Nós da Clínica Salvata temos total compromisso com a saúde da mulher, por isso, caso você esteja passando por uma situação difícil, você também pode falar com um de nossos profissionais, teremos prazer de te indicar a ajuda psicoterapêutica mais próxima.